Estádio João Marcatto, 52 anos de ricas histórias

A estrutura se tornou a principal da cidade quando se fala em esportes. Certamente muito além do que Elizaldo Leutprecht, Aldo Piazera e Fidelis Nicoluzzi imaginaram em seus sonhos mais ousados.
1 a7aakbsz2bke uk5iy3dda
Henrique Porto (Arquivo Pessoal)

Por Henrique Porto

Nenhuma placa para recordar a data, tampouco fotos ou qualquer outro tipo de registro. Salvo notícia publicada pelo jornal A Gazeta e republicada pelo joinvilense A Notícia, quando do aniversário de dez anos do Grêmio Esportivo Juventus, pouco se saberia sobre o evento que inaugurou o Estádio João Marcatto.

O relato foi colhido pelo jornalista Rivadávia Paulo Rassele, o popular Geraldo José, junto ao Padre Elemar Scheid. Conta que a inauguração do teatro dos sonhos tricolor ocorreu no dia 26 de novembro de 1966, com o embate entre Juventus e Esporte Clube Quiririm, da cidade de Taubaté (SP).

Uma pergunta que deve vir à sua mente neste momento é por que foi chamada uma equipe de tão longe para a inauguração do estádio. A resposta está na estreita ligação entre o município paulista e o próprio Padre Elemar, que teve sua formação sacerdotal no Vale do Paraíba. De lá também vieram os irmãos Nondas e Roquinho, que formaram junto ao onze que iniciou a partida histórica. Taubaté também deu ao Juventus o maior artilheiro de sua história, Arizinho, autor de 254 tentos segundo sua contagem pessoal.

Comandado pelo promotor público da Comarca Almir Silveira e vestindo vermelho e preto — que junto ao branco são as cores que constam no estatuto de fundação juventino — o ‘Time do Padre’ alinhou para seu primeiro compromisso dentro de casa com Gaulke (depois Manhke); Pia, Rainer, os gêmeos Mario e Chico Voigt, Elizaldo e Nivaldo [futuro Padre Nivaldo Alves de Souza], Padre Vilberto, Irineu, Nondas e Roquinho.

O embate foi vencido pelos visitantes, em placar que se perdeu na história, assim como o autor do primeiro gol no local. Campeão da Primeira Divisão de Taubaté naquele ano, o Quiririm foi fundado em 1926 e representa um distrito de mesmo nome. Clube dos italianos, vestia verde e branco para homenagear o então Palestra Itália.

Reza a lenda que o encontro também serviu para a entrega de faixas relativas à conquista do Campeonato Jaraguaense da Segunda Divisão daquele mesmo ano pelo ‘Time do Padre’, porém não existem registros da competição nos arquivos da Liga Jaraguense de Futebol. De certo, apenas que a partida gerou uma renda de Cr$ 1.600,00, um recorde na oportunidade.

Localizado em área 10 mil m², o Estádio João Marcatto leva este nome em homenagem ao industrial italiano que instalou-se no município em 15 de outubro de 1923 para fundar uma fábrica de chapéus de palha hoje conhecida por Marcatto S/A. A área para o estádio foi doada por Dorval e Loreno Antonio Marcatto, filhos de João, além de Vergílio Chiodini e Renato Pradi.

Desde então, a estrutura se tornou a principal da cidade quando se fala em esportes. Além do futebol, já recebeu eventos de futebol americano, beisebol e balonismo, além de bailes, abertura de Joguinhos Abertos de Santa Catarina, atividades de escotismo e muitas outras. Viu os primeiros chutes a gol da rainha Marta, bem como o seu dono erguer o troféu de campeão catarinense da terceira divisão em 2004.

Acompanhou vitórias e derrotas. Choros de alegria e de decepção. Certamente muito além do que Elizaldo Leutprecht (primeiro presidente juventino), Aldo Piazera (vice-Presidente) e Fidelis Nicoluzzi (diretor de futebol) imaginaram em seus sonhos mais ousados.

publicado 6 anos